VIVER ( OU PENSAR) NO PASSADO...
David Iasnogrodski – escritor, engenheiro, administrador –
david.ez@terra.com.br
www.davidiasnogrodski.blogspot.com
Ruas arborizadas?
Não
tantas. Mas as que são arborizadas são bastante frondosas.
Mas
as pessoas se cumprimentavam nas ruas com um largo sorriso nos lábios. Se
conheciam. Se ajudavam.
Sentavam
junto às calçadas.
Nos
finais de tarde...
Com
“cadeiras preguiçosas”... Lembram? Talvez muitos de vocês não conheceram as
“cadeiras preguiçosas”. Eram de madeira com assento de lona.... Confortáveis!
O
chimarrão, a coca-cola, a cuca de mel, bolachinha “Maria”. Tudo na calçada. Um
piquenique diário.
Uns
passavam.
Outros
paravam, mas todos se conheciam.
Vinha
a noite.
Muitas
vezes, dependendo da temperatura, com a lua cheia, continuavam a “charlar”
junto às calçadas.
Crianças
correndo.
Brincando, com brincadeiras inocentes, como inocente é a criança... De esconde-esconde. De pegador. Jogando bola. Jogando peteca. Brincando com bonecas, ou até conversando a respeito da escola. Todos ali...
Brincando, com brincadeiras inocentes, como inocente é a criança... De esconde-esconde. De pegador. Jogando bola. Jogando peteca. Brincando com bonecas, ou até conversando a respeito da escola. Todos ali...
E
depois jantavam. Toda a família. Uns continuavam a ouvir rádio. Eram as
rádio-novelas, patrocinadas pela Gessi-Lever ou Colgate-Palmolive. Muito
drama... Muita ação... Tudo no rádio.
Outros
iam dormir.
No
outro dia era a rotina do levantar. Higiene. Tomar café. Conversar um pouco.
Ler o jornal. Ouvir o Repórter Esso e ir ao trabalho...
De
ônibus. A pé ou de táxi. Muitos iam com seus “carrões”. Os felizes
proprietários de um automóvel... eram poucos. Mas existiam. Tinham até garagem
em suas residências.
Hoje
é a vez dos congestionamentos. Grandes congestionamentos. Muitos carros,
carrinhos e “carrões”. Todos a rodar ou parar... Todos! São os
congestionamentos urbanos das nossas “mal traçadas” vias urbanas do século XXI.
Congestionamentos juntos da (in)segurança urbana.
Vamos
pensar: Não ficamos mais junto às nossas calçadas. As calçadas até estão um
pouco esburacadas... Mas não é em função da nossa presença….
Ninguém
mais conhece “ninguém”.
Grades
nas janelas.
Grades
nas portas.
Grades
nos jardins.
Cercas
eletrônicas junto a todas as aberturas...
Crianças
não brincam mais nas calçadas. Vemos, isso sim, são crianças junto às esquinas
solicitando uma moedinha.
Observamos
câmeras de vídeo junto a todas as portarias.
Porteiros
24 horas.
Seguranças
de roupa preta andando pelas calçadas.
Casinholas
nas esquinas onde os seguranças” estão a nos proteger.
Proteger
de quem?
Deles...
Portas
chaveadas com trancas de ferro
Portas
com quatro ou mais fechaduras “dobermann” ou superior.
Alarmes
em todos os lugares.
Os
carros além dos tradicionais alarmes parecidos com as sirenes das ambulâncias,
possuem películas para que as pessoas do seu interior não sejam vistas, além de
outros apetrechos para evitar os assaltos. E assim mesmo eles acontecem a todo
instante em todos os lugares.
Onde
vamos chegar?
É
a realidade do nosso século. O século XXI. O século da tecnologia da informação
e do desenvolvimento. Será que é o desenvolvimento da insegurança urbana?
Fico
a pensar: Se voltar no tempo é viver no passado, acredito que seria melhor
viver naquele tempo.
Não
tínhamos celular e nem TV HD OU FULL HD. Não tínhamos computador nem outros
equipamentos sofisticados dos dias de hoje mas éramos “humanos” vivendo como
humanos ““.
E
hoje?
Vivemos
em quatro paredes, onde o máximo que olhamos são as grades.
Vivemos
numa prisão e com medo. Isolados do mundo. Sem conversar em função do constante
medo.
-
Vou parar.
Está soando o alarme. Qual? Do carro? Da casa? Do prédio? Não sei.
Só sei que estou com medo. Não posso nem pegar a bolacha “Maria”, pois o
barulho tradicional de mastigar pode demonstrar que aqui tem gente. Vou
parar... Estou com medo. Muito medo...
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