O MASCARADO
Numa madrugada dessas junto a um
posto de saúde, chega um indivíduo cantando com voz anasalada: “Tanto riso, ó tanta alegria, mais de mil
palhaços no salão...”
- E o senhor? O que deseja?
- Eu? Eu?
- Sim, meu senhor. O que deseja?
- Estou gripado. Acho que é esta
tal de gripe A, B ou Y. Não sei bem a letra...
- Moço, o senhor vai me
desculpar. O senhor está é bêbado. Cantando e com odor de álcool. E nós aqui
com o posto repleto de pacientes querendo se tratar e o senhor só está nos
atrapalhando. O senhor está é bêbado...! E bem bêbado... Ainda mais com esta
máscara de carnaval cobrindo o seu rosto... Simplesmente ridículo!
- Sim, doutor. Estou cantando.
Estou mascarado. Estou gripado...
- Então o que o senhor precisa é
tomar algo para curar esta bebedeira...
- Já lhe disse: “Não sou bêbado.
Não estou de” "porre”. Estou, isso sim, é gripado. E bem gripado...
- Como o senhor sabe? O senhor é
médico?
- Ora, estou com voz anasalada.
Estou com febre. E bem alta... Estou com dor na minha cabeça. Está difícil de
engolir... Até a saliva! E este cheiro de álcool que o senhor está sentindo é
em função de que eu vi na televisão que a gente necessita lavar bem as mãos e o
rosto.
- Está certo! O que o senhor viu
na TV está correto, mas isto não significa que o senhor não está bêbado. O
senhor está cantando e mascarado... E nesta hora da noite!
- Claro! Vi na televisão... Tudo
na televisão... Ela é a culpada! Vi que a gente necessitava lavar as mãos e o
rosto com bastante assiduidade com álcool e colocar uma máscara no rosto para
evitar contágios com os colegas e familiares.
- Certo! Tudo certo! Mas o senhor
não está bêbado?
- Volto a afirmar. Não estou
bêbado. Estou assim, desta maneira, em função das diversas lavagens que efetuei
com o álcool da minha casa. O cheiro é do álcool... Ele é que me deixou assim –
“todo alegrão”. Por esse motivo a cantoria...
- E a máscara?
- Ora! Doutor... O senhor não
está de máscara também?
- Sim! Estou em função do meu
trabalho... Todos os médicos devem utilizar máscaras para evitar contágios com as doenças.
- E eu também! Estou de máscara,
pois não pude comprar uma igual à do senhor. Procurei na minha casa e encontrei
esta máscara de cavalo... Eu a usei no último carnaval. Nós tínhamos um grupo
grande de pessoas que estavam usando, no baile, a mesma máscara... Foi um
“barato”... Não deixa de ser uma máscara. Não é verdade? “Quem não tem cão,
caça com o gato...”.
- O senhor tem razão... Agora
estou entendendo o seu caso. O seu diagnóstico! Vendo por esse ângulo observo
que o senhor não está bêbado.
- Estou gripado, doutor. Já lhe
disse desde o início da nossa conversa. E aí o que o senhor vai fazer comigo?
- Vou lhe examinar. Se for
realmente a gripe A...
- É esta gripe mesmo, doutor...
- Bem, o diagnóstico é comigo...
Se for a gripe A vou lhe fornecer o remédio adequado e lhe darei um atestado
onde o senhor deverá permanecer em casa por sete dias, enquanto esta gripe
permanecer no seu corpo... Certo?
- Doutor, só sete dias?
- Sim, no máximo sete dias...
- Doutor, não poderia ser esta
licença até o próximo carnaval? Afinal de contas já estou com a máscara e
também já estou cantando... Faça esse favor para mim. Deixa-me ficar cantando,
em casa, até o próximo carnaval:
“Tanto riso,
Ó tanta alegria,
Mais de mil palhaços no salão...”
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Gripe A – uma realidade quase mundial...
Mas o melhor carnaval ainda é o
brasileiro...
Esse ”produto” não é mundial...
( Não esqueçam da vacinação
contra a gripe )
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“Tanto riso,
Ó tanta alegria,
Mais de mil palhaços no salão...”
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