“ELES” TAMBÉM VIAJAM...
David Iasnogrodski –
escritor, engenheiro, administrador – david.ez@terra.com.br
www.davidiasnogrodski.blogspot.com
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- Oi Dunga!
- Oi Teço!
- Estamos hoje
nos encontrando em novo parque.
- Sim! Fomos
levados, até que enfim, para um novo lugar. Maior! Mais árvores... Mais bancos
para “eles” sentarem.
- Falando
sério! Eu já estava com “saco cheio” daquela praça. Tudo igual! As mesmas
coisas. Tudo igual! Ao menos neste parque a “gente” tem mais grama. Mais coisas
para a “gente” ver. Até o número de pássaros é maior. Mais lugares para a
“gente” correr.
- É verdade!
Este parque tem monumentos lindos. Pena
que estão todos pichados! Tem dançarinos de tango. Tocadores de violão,
cantores, mas todos com um “pratinho” na frente. E não é para colocar comida
como se fosse para “nós”. É para os apreciadores colocarem moedas. É o trabalho
“deles”... Noto também que tem muito mais “gente” como a “gente” e gente como
“eles”...
- Iguais aos
“nossos’ donos...
- Continuo
afirmando: “donos”, porque eles continuam nos tratando como ‘nossos donos”, mas
“falam” aos “seus” amigos que somos seus “filhinhos”... Fico só ouvindo e
olhando...
- Que sadismo!
- Mas tenho
uma novidade para te contar.
- Então fala.
Desembucha!
- Estive
viajando! Até que enfim! Realizei um de meus sonhos. Gosto muito de viajar.
Toda vez que vejo na televisão cidades diferentes eu penso: ainda um dia terei
oportunidade de conhecer.
- Pra onde
foste? Ou melhor, para onde foste levado?
- Para São
Paulo. E de avião...
- De avião?
Deve ter sido muito legal! Viajar de avião é muito rápido e muito confortável.
Não é verdade?
- Rápido é.
Muito rápido. Fui num vôo noturno. Mas nada confortável, ao menos onde fui
“colocado”. Fui no porão daquele “monstro”. Junto com as bagagens “deles”. Veja
só – não tiveram a “coragem” de me colocarem junto “deles”. Naquelas poltronas
super confortáveis que tem lá em cima, como “você” mesmo disse... “somos”
sempre, em tudo, os excluídos! Isso que somos considerados os filhinhos...
Imagina se “nós” não fôssemos os filhinhos... Continuo dizendo: são “nossos”
donos.
- Tirando os
problemas com a viagem, como foi o resto? Deu para conhecer aquela “cidade
grande”?
- Foi muito
legal! Conheci muitos lugares que eu “sonhava” muito em conhecer. É uma “cidade
monstruosa”. Trânsito maluco. Demora muito tempo para que a “gente” possa ir de
um lugar a outro. Mesmo assim, nos poucos dias que estive lá pude apreciar
muitos lugares.
- Quais?
- Fui na Rua
25 de março. Rua de muito movimento. “Eles” queriam fazer umas “comprinhas”.
Rua com grandes lojas. Muitos camelôs. Enfim um movimento enorme. Fui no Parque
Ibirapuera. Belíssimo! Corri bastante. Fiz algumas amizades, mas ”nossos”
colegas de lá também só pensam em trabalho como os donos deles... Andei de
metrô. É muito legal! Mas tive que ir no colo do meu “dono”. Foi tudo muito
legal! Estive em outros lugares que nem me lembro o nome.
- Como eu
também gostaria de viajar! Meu dia chegará...
- Olha não
existe coisa melhor neste mundo do que a “gente” sair e conhecer novas
“amizades” e novos lugares. “Eles” e “nós” precisamos, às vezes, nos arejar um
pouco através de saídas...
- Bem, estou
achando este parque tão mal cuidado. Não achas?
- É verdade!
Observo muito na TV que estão solicitando a todos a colaboração para que ajudem
na manutenção de praças e parques. Eu só faço minhas necessidades junto às
árvores. Vejo muitos sujarem com papéis e latas de refrigerantes e cervejas.
Não deveria ser assim. Precisariam colocar os detritos junto aos locais
adequados...
- É verdade! A
“gente” só observa o contrário...
- Algo que
“nós” poderíamos solicitar ao “nosso glorioso” sindicato. Que o mesmo fizesse
uma campanha mercadológica em prol de uma melhor manutenção dos “nossos”
parques.
- Boa idéia!
Até para “nós” seria melhor...
- Vamos levar
adiante a “nossa” idéia?
-
Vamos...
-
E o slogan que “nós” vamos sugerir é o seguinte: “
manutenção e limpeza sempre”. Em tudo devemos pensar que: “nós unidos jamais
seremos vencidos”!
-
Para este
assunto “nós’ já temos a solução... Notaste que já está havendo pessoas
estranhas nos parques e praças?
-
Claro! são os candidatos ao pleito eleitoral que está
se aproximando...
-
Nem tinha me apercebido disso! A cidade está limpa!
-
É porque neste ano a lei mudou e “eles” não podem mais
fixar cartazes nas ruas. Porisso estão vindo nos parques e apertando as mãos
dos “conhecidos”...
-
E “nós”? Não somos conhecidos “deles”?
-
Claro que não... “nós” não votamos. “Nós” não temos título eleitoral...
-
É verdade!
-
Bem, já estão nos puxando. É o sinal de irmos para
casa.
-
Não temos nunca liberdade de ficarmos o tempo que
desejarmos...
-
Mais uma verdade! “Eles” são assim. Não pensam que
também temos direito à liberdade...
..........................................
Mais uma vez notamos que “eles”
Dunga e Teco ( dois “cãezinhos”) estão tentando ocupar o espaço “deles”.
Será que “eles” – os cães” um dia
conseguirão?
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