SAUDADE!
David Iasnogrodski –
escritor, engenheiro, administrador – david.ez@terra.com.br
Tchau!
Estou indo.
Até breve!
Até breve?
Mas este breve poderá ser
um longo tempo...
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Palavras acredito eu, de
algum imigrante se despedindo dos seus familiares.
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Meus pais foram filhos de
imigrantes.
Filhos, pois vieram com
eles para o nosso Brasil.
Os pais deles foram os
imigrantes e trouxeram toda a família.
Situação nada fácil!
Mas lá, também a situação
não estava nada fácil...
Mas tiveram,
repentinamente, trocar seus hábitos.
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Outra situação:
Um casal jovem toma a
coragem de imigrar. Mudar a vida.
Não importa o motivo.
No meio de choros,
lágrimas e soluços de tristeza dizem o “tchau”!
Aos poucos vão sentindo a
solidão.
Aos poucos vão sentindo a
saudade.
Aos poucos estão
iniciando uma nova etapa das suas vidas.
tchau! |
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O tempo passa!
E como passa...
O casal aumenta a
família.
Vêm os filhos. Estes
crescem. Casam. Dão netos a estes avós e num repente, junto ao espelho da casa
iniciam a pensar naquele início.
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Vem a frase: “Nascem os
filhos para o mundo, mas não é fácil cortar o cordão umbilical”.
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Novamente junto ao
espelho:
- Estamos sós. Novamente!
Com muita saudade. Saudade daqueles que deixamos junto àquele porto. Saudade
daqueles que já não estão junto de nós.
Saudade?
Orfandade?
- Não sabemos. Só temos
amigos neste novo local que já não é tão novo assim, pois já estamos aqui há
tanto tempo e tão bem fomos recebidos.
Por todos!
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Estamos voltando àquele
passado.
Deixamos os outros.
Formamos família.
Temos amigos. Mas aqui
diante deste espelho nos vemos com “aquelas” mesmas lágrimas e soluços daquela
despedida. O sol estava radiante, mas me parecia um dia muito chuvoso...
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Tanto tempo.
E o mesmo tempo...
Tempo de recordar.
Tempo de coragem.
Tempo de saudade.
Tempo de sentir órfão.
Tempo de pensar.
Tempo de dizer: “Quanto
tempo”!
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Diante deste espelho
devemos dizer: “Não podemos pestanejar. Necessitamos cada vez mais ter força
pois o amanhã deverá ser, certamente, melhor do que hoje”.
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Fomos imigrantes.
Deixamos para trás uma
tranquilidade, talvez até, não tão tranquila.
Fomos em busca de outra
realidade.
Estamos aqui.
Não esquecemos aquele “tchau”
de despedida.
Hoje aqui com este
espelho.
Estamos a pensar na
saudade que temos do tempo passado e daqueles entes queridos que já não estejam
mais conosco.
Nem aqui e nem lá...
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Os tempos são outros.
Conquistamos tudo ou quase
tudo. Sempre há o desejo de conquistas...
Não esquecemos aquele “tchau”.
Aquele “tchau” nos deu muita força. Muita saudade...
Mas há, sempre, o
pensamento da saudade e orfandade.
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Aquele “tchau” está e
estará sempre presente entre nós.
Mas sempre seremos
devedores ao acolhimento das pessoas e do país.
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“Amanhã sempre deverá ser
melhor do que hoje”.
Mas a saudade e o
sentimento de orfandade também estarão presentes, em muitos momentos.
Principalmente diante de um espelho.
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tchau! |
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