DIÁLOGO COM UM “VISIONÁRIO”
Ah! Porto Alegre!
Porto Alegre dos Casais Açorianos.
Minha cidade!
Cidade hospitaleira.
Cidade que abrigou e ainda abriga muito bem os seus
imigrantes. Sou filho de um imigrante.
Caminhando por ela, por suas ruas, avenidas, praças e
parques nota-se que em tudo tem a mão dos seus prefeitos, que deixam sempre
suas marcas e com isso há o seu desenvolvimento natural.
Mas na história dessa cidade a população de hoje, ontem ou
amanhã vai lembrar de uma figura ilustre que foi prefeito em duas
oportunidades. Por tudo que fez, hoje a capital de todos os gaúchos tem muito a
lembrá-lo. Mais uma vez volto a dizer: todos prefeitos deixam suas marcas.
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Estou caminhando por uma das grandes avenidas desta cidade “sorriso”:
Av. Loureiro da Silva e paro diante de uma estátua localizada na calçada da Câmara
Municipal e fico a pensar – Já estive, quando pequeno, no gabinete desta
liderança junto ao Paço Municipal. Se pudesse hoje gostaria de dialogar com
esta figura ilustre realizando algumas perguntas. Não posso esquecer, estou no
século XXI, mais precisamente no ano de 2015 e ele governou por duas oportunidades,
mas em outro século, no XX.
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- Prefeito Loureiro da Silva, o senhor faria novamente o que
fez por Porto Alegre?
- Sim, tenho a honra de dizer a você que faria tudo
novamente. Tanto o realizado no primeiro mandato (22 de outubro de 1937 a 15 de
setembro de 1943), como no segundo mandato (1º de janeiro de 1960 a 1º de
janeiro de 1964).
- Prefeito, estamos hoje em 2015, para recordar aos jovens
de hoje poderia enumerar alguns dos seus grandes feitos junto à Prefeitura de
Porto Alegre?
- Faz muito tempo. Hoje estou vendo tudo de cima. Muito me
agrada a cidade. Bem, meus jovens, em primeiro lugar tinha uma grande equipe.
Muito coesa que me propiciou a realização de muitos feitos. Mas antes disso
devo dizer que o meu sucesso, se realmente houve, se deve muito a realização de
grandes obras. Inicialmente, no primeiro mandato, devo observar que foram
estudadas grandes vias formando um sistema de radiais e perimetrais, que por
sinal aqui de cima observo que meus sucessores deram continuidade realizando as
devidas obras necessárias a consecução desses estudos. O importante junto à uma
Prefeitura é a continuidade dos estudos e projetos realizados pelos
antecessores. Também realizei a reforma do centro urbano, saneamento dos Vales
e criação de muitos espaços verdes. Como me falaste para citar algumas obras
lembro-me das seguintes: Av. Farrapos, Rua André da Rocha, Av. Salgado Filho, a
repavimentação da Av. Voluntários da Pátria. No campo do saneamento devo citar
que nos bairros São João e Navegantes, com a abertura da Av. Farrapos foi
realizado um excelente trabalho nesse item de saneamento, assim como a
retificação do Arroio dilúvio, por muitos considerada a “obra do século”.
- Posso lhe dizer que para os entendidos em saneamento
também é considerada, assim como todo o Sistema Anti-cheias formado pelas Casas
de Bombas, Muro da Mauá e Avenidas Dique.
- Tens razão. Uma grande obra realizada após a grande
enchente de 1941. Mas também é imperioso relembrar que no meu primeiro mandato
também ampliei o abastecimento de água e realizei inúmeras redes de esgoto
cloacal.
- O Senhor não era ambientalista e realizou obras como se fosse.
- É verdade! Realizei diversas praças e jardins públicos,
inclusive o Parque Farroupilha mereceu uma grande atenção, era e é o verdadeiro
pulmão verde da cidade.
- E outras obras?
- Tive um carinho muito especial com a saúde. Acredito que
todo o Prefeito deve ter um carinho especial com a saúde da população. Construí,
ainda no primeiro mandato, o Hospital de Pronto Socorro, inicialmente com 300
leitos. Também construí o Centro de Saúde Modelo, na esquina da Av. João Pessoa
com Rua Jerônimo de Ornelas. Também é interessante citar o embarcadouro da Vila
Assunção, Mercado Livre, Campo de Pólo onde hoje é o Hospital de Clínicas e o
Estádio Ramiro Souto – neste local foi implantada uma área completa para
esportes, pista de corrida, campo de futebol e quadras de vôlei e Basquete,
tudo junto ao Parque Farroupilha.
- O Senhor está somente nos recordando do seu primeiro
mandato. E no segundo?
- Boa lembrança. Neste segundo mandato criei o Conselho
Municipal de Transportes Coletivos, Conselho Municipal de Turismo, Conselho
Deliberativo da Casa Popular, Conselho do Plano Diretor, conselho de
Administração do DMAE e a autarquização destes serviços. Criei também a Feira
Noturna da praia de Belas, o terminal de ônibus da praça Rui Barbosa e ampliei
o Banco de Sangue do HPS e instalei um novo aparelho de Raio –X, em cuja
aquisição a população de Porto Alegre colaborou em 13 (treze) milhões de
cruzeiros, entrando a Prefeitura com outro tanto. Era um aparelho necessário,
mas muito caro para a aquisição somente pelos cofres da Prefeitura.
- Que liderança!
- É verdade! (Sorrisos)
- Bem, pelo visto o senhor realizou muito para o bem da
cidade. E é por isso que até hoje é recordado pela população.
- Foi um exaustivo trabalho! Não me arrependo. Muito ainda
poderia me lembrar, mas no momento ainda me recordo da Campanha Municipal
contra a Tuberculose e também recuperei a Companhia Carris Porto Alegrense, que
na ocasião o patrimônio era com os bondes.
- Bons tempos!
- Por fim desejo dizer a você que estou muito feliz em poder
conversar, mesmo já tendo se passado tanto tempo desde a minha a saída da
Prefeitura de Porto Alegre. Nesta síntese devo lembrar também que não faltou
tempo sanear as finanças municipais que na ocasião estava passando por momentos
difíceis.
- Legal! Muito obrigado.
- Eu é que agradeço em poder lembrar daqueles bons tempos que
passei junto à Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Em tudo necessitamos
realizar obras para o engrandecimento da cidade, mas também não podemos
esquecer do “Banco de Projetos”, pois se no momento em que estamos Prefeito não
conseguirmos todas as realizações, nossos sucessores poderão dar continuidade.
Me recordo que um dos últimos atos meus como Prefeito foi sancionar a Lei nº
2694 de 27 de dezembro de 1963, onde “altera o projeto de urbanização da área
da praia de Belas resultante do aterro do Rio Guaíba”. Sinto-me feliz pela
sanção desta Lei pois hoje observo que meus sucessores ali realizaram o Parque Marinha
do Brasil e a Av. Beira Rio tão ao gosto da população e dos turistas que visitaram
Porto Alegre por ocasião dos jogos da Copa do Mundo de futebol de 2014. Outro
parque que muito orgulha Porto Alegre é o Parque Moinhos de Vento que só pode
ser realizado em função de que planejei a mudança do Jóquei clube da Baixada para o Cristal.
Devo dizer por último que “muitas gerações de Prefeitos me sucederão. Todos
irão, com certeza, fazer o possível para realizar o que o portoalegrense deseja e reclama, tudo para o desenvolvimento da capital de todos os gaúchos”.
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Continuo a caminhar pela Av. Loureiro da Silva e pensando:
não é fácil ser um prefeito. Não é fácil ser um prefeito e visionário.
Todos desejam o melhor para sua cidade.
Todos são líderes!
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José Loureiro da Silva nos deixou em 1964 com apensas 62
anos.
Antes de Porto Alegre, Loureiro da Silva foi prefeito da
cidade de Gravataí
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Tive oportunidade de “conversar” por pouco tempo com um “visionário”.
Voltei ao tempo!
Mostrou-nos o “pouco” que fez por nossa cidade.
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Devo recomendar o livro – Loureiro da Silva: “ O Charrua” de
Celito De Grandi
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