AQUI VOU EU!
Estou na Redenção!
No Parque da Redenção, o Parque
Farroupilha. Em Porto Alegre.
Encontro amigos.
Encontro caminhantes.
Encontro corredores...
Encontro amigos...
Encontro, enfim, o sol e o
tocador de violão.
Lá está ele. Dedilhando seu
instrumento, acompanhado de uma caixa de som e de um “pratinho”.
Solitário o pratinho...
Solitária a caixa de som.
Mas o violonista está acompanhado
de suas músicas. Entoando sua voz ao vento! Alegre! Muito alegre! Entoando suas
músicas...
Encontro amigos...
Mais adiante o deficiente visual
a nos pedir auxílio.
Está com um “guia” e o seu
cachorro.
Sua mão estendida não é para nos
cumprimentar. É o seu pedido de ajuda. Lá vai ele. Com seu óculos de lentes
escuras. Guia e o cachorro. Mão estendida para todos...
Encontro amigos...
Encontro árvores. Umas mais
frondosas do que outras. Todas a cumprir o seu papel junto ao parque. Todas à
espera dos passantes, dos corredores, dos amigos...
Encontro pássaros. Todos a
conversar... Todos a sorrir com as pessoas que os admiram...
Encontro amigos...
Mais adiante sorrisos.
Sorrisos de dois rivais. Um com a
camiseta do Inter. O outro com a camiseta do grêmio. Sorriem. Conversam. São
rivais no campo futebolístico, mas amigos no Parque. Falando a respeito dos
últimos resultados... Resultados de campo... Ali sorrisos! Assim é a vida!
Assim é o esporte.
Assim deve ser sempre a vida...
Mas nem sempre são sorrisos...
Encontro amigos...
Encontro o “churros del Uruguay”.
Encontro a pipoca do seu Manuel.
Encontro o “algodão doce” da dona
Rebeca.
Encontro o “Refri” do menino com "tapapó"
branco...
Encontro amigos...
Mais uns passos e ali está a dançarina.
Treinando para a apresentação?
Ou está fazendo sua
apresentação... Não sei. Só sei que resolvi parar.
Parar e olhar.
Olhar e admirar sua arte.
Sua vontade. A vontade da
bailarina. Dançarina...
Sua jovialidade.
Sua perseverança. Seus gestos.
Sua vontade de exercer sua arte...
Percebeu minha presença. Ficou
satisfeita. Sorriu. Perguntou com os olhos: “Gostou?” E eu sacudi a cabeça em
sinal de positividade.
Ela gostou! Sorriu. Continuou seu
trabalho. Trabalho ou ensaio?
Não sei.
Percebi, então, que estava
trabalhando. Não ensaiando. Trabalho da dançarina...
O “pratinho” estava no chão. Com
algumas moedas. Poucas moedas.
Encantando a muitos... Estava ali
a dançarina do parque...
Encontro amigos...
Encontro pais.
Encontro pais e filhos.
Encontro pais, filhos e uma bola.
Bola de futebol...
Sorrisos dos três. Sim, dos três.
Da bola também... Estava satisfeita com a companhia.
Encontro amigos...
Encontro as bicicletas.
Bicicletas e seus “motoristas”.
Todos a passear. Todos apreciando “todos”... Todos apreciando tudo...
Violonista, dançarina, jogadores de futebol, caminhantes, corredores, árvores,
pássaros... Todos apreciando tudo!
Lá vou eu!
Caminhando!
Cantando!
Assobiando!
Músicas brasileiras... Da MPB. Da
Bossa Nova.
Olho, mais uma vez as árvores. Os
pássaros... Me lembro da Bossa Nova. Da Garota de Ipanema. Poderia ser até a
Garota do Bom Fim...
Me lembro da Bossa Nova. 50 anos
“desse ritmo” – Brazilian Jazz... Recordo da Elis, Tom Jobim, Zimbo Trio,
Dorival – baiano – Caymi, João Gilberto. Me lembro da Bossa Nova...
Continuo caminhando. Caminhando e
cantando. Caminhando, cantando e assobiando...
Lá vou eu!
Pensando na “banda”. Não na
música intitulada “banda”. Lembro da “banda” no Parque. “Retreta” do parque de
antigamente... “Retreta no parque” – bom programa... Era o parque de ontem. Não
tinha o violonista, dançarina. Mas tinha as árvores e os pássaros. Tinha as
bicicletas de aluguel e os barquinhos com remo...
Hoje encontro amigos.
Encontro pássaros e árvores.
Flores e monumentos. Monumentos ainda não atingidos pelas pichações. A maioria
deles estão pichados e sem as placas de identificação. É o tempo de hoje... é o
parque de hoje...
Lá vou eu!
Redenção. Parque da Redenção!
Parque de todos! De todas as
idades. Do bebê no carrinho até o integrante da melhor idade... De todos!
Parque dos amigos.
Parque da democracia.
Local de todos... De todos!
Lá vou eu!
Agora embora.
Depois do passeio.
Depois de admirar a paisagem.
Depois de admirar os passantes,
corredores e trabalhadores...
Aos amigos digo até amanhã! Até o
próximo encontro...
Lá vou eu!
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