ENCONTRO COM O
“PODEROSO” E ÚNICO
encontro com o "poderoso" e único |
Jonathan está sempre presente nas cerimônias de falecimento
das pessoas da sua comunidade.
Surge sempre a pergunta:
Será que ele conhece todas as pessoas?
Será que ele conhece todas as pessoas que faleceram?
Se isso na acontece, porque ele está sempre presente nestas
ocasiões?
D. Maria da Glória, uma das lideranças do bairro e uma das
pessoas mais antigas da comunidade criou coragem e foi perguntar a Jonathan o
porque desses fatos.
E ele falou:
- D. Maria, eu respeito muito a senhora. Quero lhe muito bem.
Eu sei que muitos ficam surpresos com meus atos. Muitas destas pessoas já
vieram falar comigo ou mandaram recados por outros. Todos querendo saber desse
assunto. E eu lhe respondo: Tenho quase 70 anos. E bem vividos. Ainda estou
trabalhando. Não estou aposentado, pois ainda me considero moço e não sei o que
irei fazer depois de receber o ato da aposentadoria. Quando há um féretro junto
à nossa comunidade, procuro estar presente na cerimônia. Peço licença no
trabalho. Estas horas eu recupero depois, mas me sinto numa obrigação de
homenagear a família enlutada e também um privilégio por poder estar ali
naquele momento. Obrigação de respeitar o ente querido que eu conhecia muito ou
pouco, mas vivia na nossa comunidade e que naquele momento está deixando nossa
convivência e também um privilégio pois tenho a certeza que o nosso protetor
está ali nos vendo. E com isso, também tenho a certeza de que ele não está me colocando nos próximos lugares da fila. Ainda tenho
muito que aproveitar. Com esse meu gesto estou realizando uma homenagem ao ente
querido, à sua família e tenho quase a certeza de que não serei um dos próximos
da fila. Sei que chegará a minha hora. É a hora de todos, mas não agora.
Estando ali faço sempre minhas orações e um pensamento positivo ao que nos
deixou, sua família e à minha família.. É um gesto de carinho e de orações.
“Ele” sabe que trabalho e não estou ali só para me fazer presente.
- Seu Jonathan! É um bom argumento. Farei o mesmo. Também me
considero moça. Também quero ir para o final da fila ou para um local da fila
não muito próximo. É um encontro com o “poderoso” e único.
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