“Eles” também viajam
- Oi Dunga!
- Oi Teco!
- Estamos hoje nos
encontrando em novo parque
-
Sim! Fomos levados, até que enfim, para um novo
lugar. Maior! Mais árvores... Mais bancos para “eles” sentarem.
- Falando sério! Eu
já estava com “saco cheio” daquela praça. Tudo igual! As mesmas coisas. Tudo
igual! Ao menos neste parque a “gente” tem mais grama. Mais coisas para a
“gente” ver. Até o número de pássaros é maior. Mais lugares para a “gente”
correr.
- É verdade! Este
parque tem monumentos lindos. Pena que
estão todos pichados! Tem dançarinos de tango. Tocadores de violão, cantores,
mas todos com um “pratinho” na frente. E não é para colocar comida como se
fosse para “nós”. É para os apreciadores colocarem moedas. É o trabalho
“deles”... Noto também que tem muito mais “gente” como a “gente” e gente como
“eles”...
- Iguais aos “nossos’
donos...
- Continuo afirmando:
“donos”, porque eles continuam nos tratando como ‘nossos donos”, mas “falam”
aos “seus” amigos que somos seus “filhinhos”... Fico só ouvindo e olhando...
- Que sadismo!
- Mas tenho uma
novidade para te contar.
- Então fala.
Desembucha!
- Estive viajando!
Até que enfim! Realizei um de meus sonhos. Gosto muito de viajar. Toda vez que
vejo na televisão cidades diferentes eu penso: ainda um dia terei oportunidade
de conhecer.
- Pra onde foste? Ou
melhor, para onde foste levado?
- Para São Paulo. E
de avião...
- De avião? Deve ter
sido muito legal! Viajar de avião é muito rápido e muito confortável. Não é
verdade?
- Rápido é. Muito
rápido. Fui num vôo noturno. Mas nada confortável, ao menos onde fui
“colocado”. Fui no porão daquele “monstro”. Junto com as bagagens “deles”. Veja
só – não tiveram a “coragem” de me colocarem junto “deles”. Naquelas poltronas
super confortáveis que tem lá em cima, como “você” mesmo disse... “somos”
sempre, em tudo, os excluídos! Isso que somos considerados os filhinhos...
Imagina se “nós” não fôssemos os filhinhos... Continuo dizendo: são “nossos”
donos.
- Tirando os
problemas com a viagem, como foi o resto? Deu para conhecer aquela “cidade
grande”?
- Foi muito legal!
Conheci muitos lugares que eu “sonhava” muito em conhecer. É uma “cidade
monstruosa”. Trânsito maluco. Demora muito tempo para que a “gente” possa ir de
um lugar a outro. Mesmo assim, nos poucos dias que estive lá pude apreciar
muitos lugares.
- Quais?
- Fui na Rua 25 de
março. Rua de muito movimento. “Eles” queriam fazer umas “comprinhas”. Rua com
grandes lojas. Muitos camelôs. Enfim um movimento enorme. Fui no Parque
Ibirapuera. Belíssimo! Corri bastante. Fiz algumas amizades, mas ”nossos”
colegas de lá também só pensam em trabalho como os donos deles... Andei de
metrô. É muito legal! Mas tive que ir no colo do meu “dono”. Foi tudo muito
legal! Estive em outros lugares que nem me lembro o nome.
- Como eu também
gostaria de viajar! Meu dia chegará...
- Olha não existe
coisa melhor neste mundo do que a “gente” sair e conhecer novas “amizades” e
novos lugares. “Eles” e “nós” precisamos, às vezes, nos arejar um pouco através
de saídas...
- Bem, estou achando
este parque tão mal cuidado. Não achas?
- É verdade! Observo
muito na TV que estão solicitando a todos a colaboração para que ajudem na
manutenção de praças e parques. Eu só faço minhas necessidades junto às
árvores. Vejo muitos sujarem com papéis e latas de refrigerantes e cervejas.
Não deveria ser assim. Precisariam colocar os detritos junto aos locais
adequados...
- É verdade! A
“gente” só observa o contrário...
- Algo que “nós”
poderíamos solicitar ao “nosso glorioso” sindicato. Que o mesmo fizesse uma
campanha mercadológica em prol de uma melhor manutenção dos “nossos” parques.
- Boa idéia! Até para
“nós” seria melhor...
- Vamos levar adiante
a “nossa” idéia?
Vamos...
E o slogan que “nós”
vamos sugerir é o seguinte: “ manutenção e limpeza sempre”. Em tudo devemos
pensar que: “nós unidos jamais seremos vencidos”!
Para este assunto “nós’ já temos a solução...
Notaste que já está havendo pessoas estranhas nos parques e praças?
Claro! são os
candidatos ao pleito eleitoral que está se aproximando...
Nem tinha me apercebido
disso! A cidade está limpa!
É porque neste ano a
lei mudou e “eles” não podem mais fixar cartazes nas ruas. Porisso estão vindo
nos parques e apertando as mãos dos “conhecidos”...
E “nós”? Não somos
conhecidos “deles”?
Claro que não...
“nós” não votamos. “Nós” não temos
título eleitoral...
É verdade!
Bem, já estão nos
puxando. É o sinal de irmos para casa.
Não temos nunca
liberdade de ficarmos o tempo que desejarmos...
Mais uma verdade!
“Eles” são assim. Não pensam que também temos direito à liberdade...
Mais uma vez notamos
que “eles” Dunga e Teco ( dois “cãezinhos”) estão tentando ocupar o espaço
“deles”.
Será que “eles” – “os
cães” um dia conseguirão?
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