DE AMIGO PARA AMIGO
Oi Teco! Oi Dunga! Já notaste como de uns tempos para cá "eles” estão mais amigos da gente? Sim, é verdade... Tenho notado. Por que será? Não sei, é uma boa pergunta...
- Esta noite teremos
reunião lá no nosso sindicato e eu farei a mesma indagação para nossos
correligionários.
- Onde é o nosso
sindicato?
- Ali, bem pertinho
da ponte. Vamos voltar ao assunto inicial. Porque será que de uns tempos para
cá a gente tem encontrado um número maior de colegas na praça? E, por sinal, o
melhor horário que a gente encontra os amigos e amigas é no início da manhã, ou
nos finais da tarde, e logicamente nos finais de semana. Não é verdade? Tens
reparado isso também?
- Sim. Mas quase
todos com as respectivas guias. É uma orientação superior. Só podemos passear
nos parques com as guias em nosso pescoço. Um dia destes estive numa destas
lojas onde só tem artigos para nós. Lá encontrei alguns filhotes junto as
gaiolas. Não gostei nenhum pouco... Assunto a ser tratado nas reuniões do
sindicato... Não notas que existe hoje um tratamento diferenciado a nós junto
aos seres humanos?
- É verdade... Sinal
dos tempos. Até que enfim eles estão percebendo nossa importância e nos
tratando de uma maneira mais decente. Sinal dos tempos. É a sociedade
moderna... Não adianta só a gente ser considerado o melhor amigo do homem...
Isso eles pensam, mas e daí?
- Verdade. Devemos
ser tratados como amigos e não como animais. Afinal de contas eles estão sempre
afirmando que somos amigos... Ruim mesmo é termos que realizar nossas
necessidades fisiológicas sempre lá fora... às vezes é frio. Chuva. Nós temos
que ir lá fora... Não importa o clima e eles tem sempre um lugarzinho na
casa... E nós? Nada. Isso é uma injustiça. Mais um assunto para levarmos nas
reuniões do sindicato. Precisamos conquistar nossos direitos.
- Acredito que com o
progresso e luta corporativista vamos conquistar este espaço e eles construirão
junto às residências um local apropriado às nossas necessidades fisiológicas.
Eles devem nos entender e nos atender...
- Seria interessante,
também, colocar em pauta no sindicato o seguinte assunto: TV e celular. Muitas
vezes estamos assistindo um bom programa, tipo Chaves e Chapolin, e eles, sem
nos perguntar mudam de canal. A gente fica muito chateado. Eu não gosto de
notícias e nem de novelas. Eles só adoram esses tipos de programação. Se
pertencemos à família, poderiam, ao menos, perguntar se a gente gostaria de ver
outro programa... E celular: todos eles já possuem este aparelho. E nós? Nada.
Eu vi nas propagandas da TV, que estes aparelhos estão muito baratos. Poderiam
comprar um para nós. Com isso não precisaríamos que eles gritassem com a gente
e nem assobiar nos parques para que a gente voltasse. Era só tocar o celular...
Que achas da idéia?
- Sensacional! Precisamos
nos habituar com o modernismo. E eles também...
* * *
Esse foi um diálogo
entre dois cães. Os verdadeiros amigos do homem. Hoje em dia, cada vez mais é
notada a presença desses animaizinhos junto às famílias e também junto ao
mercado consumidor. Existem até terapeutas que recomendam uma maior amizade
junto a esses seres. Acredito que com o decorrer das inovações ainda
entenderemos melhor os “al,al” destes amigões.
Será um grande
progresso se tivermos a possibilidade do entendimento mútuo. Eles com o “al,al”
e nós com as nossas tradicionais falas... Com as nossas palavras... Também
desejaria saber se eles querem nos entender melhor...
Opinião minha: “Acho
que sim”. Tudo é modernismo... Tudo são inovações... É o mundo no século XXI!
* * *
- Viste só como eles
estão nos entendendo melhor? Até celular, com nosso nome, eles estão nos
fornecendo.
- É verdade. Mas as
guias amarradas nos nossos pescoços continuam...
- Tudo vai melhorar!
Tenho a certeza. Vamos conquistar nossos espaços. Vamos lutar. Muito já
conseguimos... Sabes por quê?
- Não.
- Eu acredito que foi
em função da última reunião do sindicato e da nota publicada em todos os
jornais, onde solicitávamos uma maior compreensão entre eles perante a nós. Não
importando a raça... Pois alguns deles dão preferência a alguns de nós,
enquanto outros ficam sozinhos perambulando pelas ruas sem apoio de ninguém...
isso não pode acontecer. Somos iguais... Não é verdade? Vamos pensar e agir...
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