O QUE FAZER?
David Iasnogrodski – escritor, engenheiro, administrador – david.ez@terra.com.br
É de manhã!
Saio pela rua.
Caminhando.
Cantando.
Assobiando.
Passa o ônibus.
Com ar condicionado.
Lotado!
Não é o meu!
Graças a Deus!
Senão o próximo só daqui
a 15 minutos...
Estou no ponto!
Ponto do ônibus.
Muitos como eu a espera
do “coletivo”.
Lá vem “ele” diz o
menino.
Está junto com uma senhora
portando bengala.
Também com ar
condicionado... Que legal!
“Ele” para.
Subimos.
“Um passinho, por favor,”
– diz o cobrador.
E todos se empurram...
“Fecha atrás” diz
novamente o cobrador, desta vez para o motorista.
Consegui sentar, dois
pontos à frente.
Fico a reparar a
paisagem.
A mesma.
Todos os dias.
Com sol.
Com chuva, frio ou calor.
Às vezes “ela” muda.
Sujeira, novos buracos, ou início de novas obras. Só isso.
No mais é sempre a mesma.
E “ela” vai passando
pelos meus olhos.
É a paisagem.
Ruas, prédios, árvores,
gente...
Vou me aproximando.
Aproximando-me do local
do trabalho.
Do local da rotina.
É ali.
Do outro lado.
Do outro lado da avenida.
Avenida larga.
Atravesso.
Atravesso com muito
cuidado.
Com muito medo.
Atravesso na faixa.
Na faixa de segurança.
É ali que vou fazer.
Só em pensar fico a pensar: “O que fazer?”
Todos os dias.
Faz exatamente 25 anos, dois meses e 17 dias.
A mesma rotina.
E depois com o por do sol – voltar.
Voltar tudo.
E fico a pensar “com meus botões”: “Amanhã
novamente”.
É a vida....
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É de manhã.
Saio pela rua.
Caminhando.
Cantando.
Assobiando.
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O que fazer?
É a vida...
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