quinta-feira, 14 de novembro de 2013

DE AMIGO PARA AMIGO


DE AMIGO PARA AMIGO



David Iasnogrodski – escritor, engenheiro, administrador – david.ez@terra.com.br



Oi Teco! Oi Dunga! Já notaste como de uns tempos para cá "eles” estão mais amigos da gente? Sim, é verdade... Tenho notado. Por que será? Não sei, é uma boa pergunta...

- Esta noite teremos reunião lá no nosso sindicato e eu farei a mesma indagação para nossos correligionários.
- Onde é o nosso sindicato?

- Ali, bem pertinho da ponte. Vamos voltar ao assunto inicial. Porque será que de uns tempos para cá a gente tem encontrado um número maior de colegas na praça? E, por sinal, o melhor horário que a gente encontra os amigos e amigas é no início da manhã, ou nos finais da tarde, e logicamente nos finais de semana. Não é verdade? Tens reparado isso também?

- Sim. Mas quase todos com as respectivas guias. É uma orientação superior. Só podemos passear nos parques com as guias em nosso pescoço. Um dia destes estive numa destas lojas onde só tem artigos para nós. Lá encontrei alguns filhotes junto as gaiolas. Não gostei nenhum pouco... Assunto a ser tratado nas reuniões do sindicato... Não notas que existe hoje um tratamento diferenciado a nós junto aos seres humanos?

- É verdade... Sinal dos tempos. Até que enfim eles estão percebendo nossa importância e nos tratando de uma maneira mais decente. Sinal dos tempos. É a sociedade moderna... Não adianta só a gente ser considerado o melhor amigo do homem... Isso eles pensam, mas e daí?

- Verdade. Devemos ser tratados como amigos e não como animais. Afinal de contas eles estão sempre afirmando que somos amigos... Ruim mesmo é termos que realizar nossas necessidades fisiológicas sempre lá fora... às vezes é frio. Chuva. Nós temos que ir lá fora... Não importa o clima e eles tem sempre um lugarzinho na casa... E nós? Nada. Isso é uma injustiça. Mais um assunto para levarmos nas reuniões do sindicato. Precisamos conquistar nossos direitos.
- Acredito que com o progresso e luta corporativista vamos conquistar este espaço e eles construirão junto às residências um local apropriado às nossas necessidades fisiológicas. Eles  devem nos entender e nos atender...
- Seria interessante, também, colocar em pauta no sindicato o seguinte assunto: TV e celular. Muitas vezes estamos assistindo um bom programa, tipo Chaves e Chapolin, e eles, sem nos perguntar mudam de canal. A gente fica muito chateado. Eu não gosto de notícias e nem de novelas. Eles só adoram esses tipos de programação. Se pertencemos à família, poderiam, ao menos, perguntar se a gente gostaria de ver outro programa... E celular: todos eles já possuem este aparelho. E nós? Nada. Eu vi nas propagandas da TV, que estes aparelhos estão muito baratos. Poderiam comprar um para nós. Com isso não precisaríamos que eles gritassem com a gente e nem assobiar nos parques para que a gente voltasse. Era só tocar o celular... Que achas da idéia?

- Sensacional! Precisamos nos habituar com o modernismo. E eles também...

* * *

Esse foi um diálogo entre dois cães. Os verdadeiros amigos do homem. Hoje em dia, cada vez mais é notada a presença desses animaizinhos junto às famílias e também junto ao mercado consumidor. Existem até terapeutas que recomendam uma maior amizade junto a esses seres. Acredito que com o decorrer das inovações ainda entenderemos melhor os “al,al” destes amigões.
Será um grande progresso se tivermos a possibilidade do entendimento mútuo. Eles com o “al,al” e nós com as nossas tradicionais falas... Com as nossas palavras... Também desejaria saber se eles querem nos entender melhor...
Opinião minha: “Acho que sim”. Tudo é modernismo... Tudo são inovações... É o mundo no século XXI!

* * *

- Viste só como eles estão nos entendendo melhor? Até celular, com nosso nome, eles estão nos fornecendo.
- É verdade. Mas as guias amarradas nos nossos pescoços continuam...
- Tudo vai melhorar! Tenho a certeza. Vamos conquistar nossos espaços. Vamos lutar. Muito já conseguimos... Sabes por quê?

- Não.

- Eu acredito que foi em função da última reunião do sindicato e da nota publicada em todos os jornais, onde solicitávamos uma maior compreensão entre eles perante a nós. Não importando a raça... Pois alguns deles dão preferência a alguns de nós, enquanto outros ficam sozinhos perambulando pelas ruas sem apoio de ninguém... isso não pode acontecer. Somos iguais... Não é verdade? Vamos pensar e agir...

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