terça-feira, 26 de maio de 2015

DIÁLOGO COM UM "VISIONÁRIO"




DIÁLOGO COM UM “VISIONÁRIO”
O autor e seus amigos visitando o Prefeito Loureiro da Silva em seu gabinete
Da esq. para direita: o autor, Enio Kauffman. Abrão Slavutzky, José Lerman, Bruno Galperin, Prefeito Loureiro da Silva, líder Dudu do movimento juvenil judaico Dror e Paulo Sandler




David Iasnogrodski – escritor, engenheiro, administrador
 david.ez@terra.com.br

Ah! Porto Alegre!
Porto Alegre dos Casais Açorianos.
Minha cidade!
Cidade hospitaleira.
Cidade que abrigou e ainda abriga muito bem os seus imigrantes. Sou filho de um imigrante.
Caminhando por ela, por suas ruas, avenidas, praças e parques nota-se que em tudo tem a mão dos seus prefeitos, que deixam sempre suas marcas e com isso há o seu desenvolvimento natural.
Mas na história dessa cidade a população de hoje, ontem ou amanhã vai lembrar de uma figura ilustre que foi prefeito em duas oportunidades. Por tudo que fez, hoje a capital de todos os gaúchos tem muito a lembrá-lo. Mais uma vez volto a dizer: todos prefeitos deixam suas marcas.
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Estou caminhando por uma das grandes avenidas desta cidade “sorriso”: Av. Loureiro da Silva e paro diante de uma estátua localizada na calçada da Câmara Municipal e fico a pensar – Já estive, quando pequeno, no gabinete desta liderança junto ao Paço Municipal. Se pudesse hoje gostaria de dialogar com esta figura ilustre realizando algumas perguntas. Não posso esquecer, estou no século XXI, mais precisamente no ano de 2015 e ele governou por duas oportunidades, mas em outro século, no XX.
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- Prefeito Loureiro da Silva, o senhor faria novamente o que fez por Porto Alegre?
- Sim, tenho a honra de dizer a você que faria tudo novamente. Tanto o realizado no primeiro mandato (22 de outubro de 1937 a 15 de setembro de 1943), como no segundo mandato (1º de janeiro de 1960 a 1º de janeiro de 1964).
- Prefeito, estamos hoje em 2015, para recordar aos jovens de hoje poderia enumerar alguns dos seus grandes feitos junto à Prefeitura de Porto Alegre?
- Faz muito tempo. Hoje estou vendo tudo de cima. Muito me agrada a cidade. Bem, meus jovens, em primeiro lugar tinha uma grande equipe. Muito coesa que me propiciou a realização de muitos feitos. Mas antes disso devo dizer que o meu sucesso, se realmente houve, se deve muito a realização de grandes obras. Inicialmente, no primeiro mandato, devo observar que foram estudadas grandes vias formando um sistema de radiais e perimetrais, que por sinal aqui de cima observo que meus sucessores deram continuidade realizando as devidas obras necessárias a consecução desses estudos. O importante junto à uma Prefeitura é a continuidade dos estudos e projetos realizados pelos antecessores. Também realizei a reforma do centro urbano, saneamento dos Vales e criação de muitos espaços verdes. Como me falaste para citar algumas obras lembro-me das seguintes: Av. Farrapos, Rua André da Rocha, Av. Salgado Filho, a repavimentação da Av. Voluntários da Pátria. No campo do saneamento devo citar que nos bairros São João e Navegantes, com a abertura da Av. Farrapos foi realizado um excelente trabalho nesse item de saneamento, assim como a retificação do Arroio dilúvio, por muitos considerada a “obra do século”.
- Posso lhe dizer que para os entendidos em saneamento também é considerada, assim como todo o Sistema Anti-cheias formado pelas Casas de Bombas, Muro da Mauá e Avenidas Dique.
- Tens razão. Uma grande obra realizada após a grande enchente de 1941. Mas também é imperioso relembrar que no meu primeiro mandato também ampliei o abastecimento de água e realizei inúmeras redes de esgoto cloacal.
- O Senhor não era ambientalista e realizou obras como se fosse.
- É verdade! Realizei diversas praças e jardins públicos, inclusive o Parque Farroupilha mereceu uma grande atenção, era e é o verdadeiro pulmão verde da cidade.
- E outras obras?
- Tive um carinho muito especial com a saúde. Acredito que todo o Prefeito deve ter um carinho especial com a saúde da população. Construí, ainda no primeiro mandato, o Hospital de Pronto Socorro, inicialmente com 300 leitos. Também construí o Centro de Saúde Modelo, na esquina da Av. João Pessoa com Rua Jerônimo de Ornelas. Também é interessante citar o embarcadouro da Vila Assunção, Mercado Livre, Campo de Pólo onde hoje é o Hospital de Clínicas e o Estádio Ramiro Souto – neste local foi implantada uma área completa para esportes, pista de corrida, campo de futebol e quadras de vôlei e Basquete, tudo junto ao Parque Farroupilha.
- O Senhor está somente nos recordando do seu primeiro mandato. E no segundo?
- Boa lembrança. Neste segundo mandato criei o Conselho Municipal de Transportes Coletivos, Conselho Municipal de Turismo, Conselho Deliberativo da Casa Popular, Conselho do Plano Diretor, conselho de Administração do DMAE e a autarquização destes serviços. Criei também a Feira Noturna da praia de Belas, o terminal de ônibus da praça Rui Barbosa e ampliei o Banco de Sangue do HPS e instalei um novo aparelho de Raio –X, em cuja aquisição a população de Porto Alegre colaborou em 13 (treze) milhões de cruzeiros, entrando a Prefeitura com outro tanto. Era um aparelho necessário, mas muito caro para a aquisição somente pelos cofres da Prefeitura.
- Que liderança!
- É verdade! (Sorrisos)
- Bem, pelo visto o senhor realizou muito para o bem da cidade. E é por isso que até hoje é recordado pela população.
- Foi um exaustivo trabalho! Não me arrependo. Muito ainda poderia me lembrar, mas no momento ainda me recordo da Campanha Municipal contra a Tuberculose e também recuperei a Companhia Carris Porto Alegrense, que na ocasião o patrimônio era com os bondes.
- Bons tempos!
- Por fim desejo dizer a você que estou muito feliz em poder conversar, mesmo já tendo se passado tanto tempo desde a minha a saída da Prefeitura de Porto Alegre. Nesta síntese devo lembrar também que não faltou tempo sanear as finanças municipais que na ocasião estava passando por momentos difíceis.
- Legal! Muito obrigado.
- Eu é que agradeço em poder lembrar daqueles bons tempos que passei junto à Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Em tudo necessitamos realizar obras para o engrandecimento da cidade, mas também não podemos esquecer do “Banco de Projetos”, pois se no momento em que estamos Prefeito não conseguirmos todas as realizações, nossos sucessores poderão dar continuidade. Me recordo que um dos últimos atos meus como Prefeito foi sancionar a Lei nº 2694 de 27 de dezembro de 1963, onde “altera o projeto de urbanização da área da praia de Belas resultante do aterro do Rio Guaíba”. Sinto-me feliz pela sanção desta Lei pois hoje observo que meus sucessores ali realizaram o Parque Marinha do Brasil e a Av. Beira Rio tão ao gosto da população e dos turistas que visitaram Porto Alegre por ocasião dos jogos da Copa do Mundo de futebol de 2014. Outro parque que muito orgulha Porto Alegre é o Parque Moinhos de Vento que só pode ser realizado em função de que planejei a mudança do Jóquei clube da Baixada para o Cristal. Devo dizer por último que “muitas gerações de Prefeitos me sucederão. Todos irão, com certeza, fazer o possível para realizar o que o portoalegrense deseja e reclama, tudo para o desenvolvimento da capital de todos os gaúchos”.
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Continuo a caminhar pela Av. Loureiro da Silva e pensando: não é fácil ser um prefeito. Não é fácil ser um prefeito e visionário.
Todos desejam o melhor para sua cidade.
Todos são líderes!
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José Loureiro da Silva nos deixou em 1964 com apensas 62 anos.
Antes de Porto Alegre, Loureiro da Silva foi prefeito da cidade de Gravataí
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Tive oportunidade de “conversar” por pouco tempo com um “visionário”.
Voltei ao tempo!
Mostrou-nos o “pouco” que fez por nossa cidade.
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Devo recomendar o livro – Loureiro da Silva: “ O Charrua” de Celito De Grandi


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