terça-feira, 22 de novembro de 2011

CRÔNICA DE UMA MINORIA




CRÔNICA DE UMA MINORIA



David Iasnogrodski – escritor, engenheiro, administrador – david.ez@terra.com.br 

Blog:   davidiasnogrodski.blogspot.com



Somos brasileiros.

Que país maravilhoso. Paisagens magníficas. País continental!

País que recebeu de braços abertos nossos ancestrais.

Pertenço a uma minoria junto a esse país continental. Pertenço a uma minoria de mais ou menos 100 000 almas. Somos um país com quase 200 000 000 de habitantes.

Mas nos sentimos felizes.

Nos sentimos iguais, mas sabemos sempre o nosso lugar.

Pertenço à comunidade judaica brasileira. A segunda maior comunidade judaica da América Latina e a  décima primeira a nível mundial.

Sou o David. Igual a mim está o Scliar( grande escritor brasileiro que já não está mais entre nós – somente o seu legado), o Niskier, a Glorinha, a Cíntia,  o Joel e tantos e tantos outros. Somos brasileiros, com muito orgulho. Pertencemos à comunidade judaica brasileira. Pertencemos a uma minoria.



A imigração judaica no Brasil foi um movimento migratório forte do início do século XIX até a primeira metade do século XX, especialmente nas regiões Sul, Sudeste e Norte.

O “nosso” Brasil foi palco para a primeira comunidade judaica estabelecida nas Américas. Com a expulsão dos judeus de Portugal, alguns convertidos ao catolicismo ( os cristãos novos) já haviam se estabelecidos na nova colônia portuguesa. Com Pedro Álvares Cabral, em 1500, vieram, fazendo parte de sua tripulação, o médico particular da Coroa Portuguesa e também astrônomo – Mestre João e Gaspar Gama, comandante da nau que trazia mantimentos.

Como estão observando, a história vem de longe...

No Nordeste brasileiro, que ficou sob o domínio holandês por mais de vinte anos, muitos judeus sefaraditas se estabeleceram, principalmente em Recife. Fundaram ali a primeira Sinagoga das Américas. Isso entre 1630 e 1650.

Por volta de 1810, chegaram ao Brasil, judeus vindos de Marrocos e estabelecendo-se na Amazônia, principalmente em Belém. Tudo em função da época dourada da borracha. Com o declínio deste trabalho se transferiram para o Rio de Janeiro.

Como disse anteriormente, a imigração forte foi do início do século XIX até a primeira metade do século XX. Foi nessa época que se fez presente a onda imigratória dos judeus para o sul do Brasil.



Com a proclamação da República do Brasil – 1889 – pelo Mal. Deodoro da Fonseca, uma Constituição foi promulgada, garantindo liberdade religiosa no Brasil o que facilitou, em muito, a vinda de imigrantes judeus, desta vez os asquenazitas, provenientes do leste Europeu, Polônia, Rússia e Ucrânia. Desembarcavam no Porto de Santos e rumavam para a cidade de São Paulo, onde rapidamente se integravam na comunidade maior.

Estamos no século XXI.

O século das relações Humanas.

O século onde a educação, trabalho e harmonia entre as pessoas é o principal argumento da prosperidade de um país.

As comunidades judaicas, até a Independência do Estado de Israel foram sempre nômades, mas se integravam em muito com a comunidade maior do país onde estavam vivendo. O que mais valorizavam estes imigrantes era a educação dos filhos, único bem que não lhes poderiam ser tirado. Como exemplo maior podemos citar que a primeira integração entre a comunidade judaica e os brasileiros na região sul do Brasil veio através da educação. Estes imigrantes fundaram na Colônia de Philipson, no Rio Grande do Sul, uma escola cujo ensino era realizado em português e acolhia também os brasileiros natos da região.

Assim como em São Paulo existia e ainda existe o Bairro Bom Retiro, onde se instalavam a maioria dos imigrantes judeus, em Porto Alegre era o bairro Bom Fim, que inclusive até hoje se encontram a maioria das Sinagogas da capital dos gaúchos. A partir de 1933 chegaram ao Brasil os judeus oriundos da Alemanha. Na década de 50, os judeus expulsos do Egito, chegam em Porto Alegre. Construíram sua Sinagoga na Rua Fernando Machado. Não estava localizada no Bairro Bom Fim.

Que batalha!

Que exemplo!

Exemplo de uma minoria, onde o forte espírito comunitário fez com que esses imigrantes se apoiassem e superassem todas as dificuldades. Mas sempre estavam agradecidos ao país que os acolheu.

Século XXI

Século das relações humanas.



Os judeus – que pertencem a uma minoria – vivem numa grande integração junto à nação brasileira, formando uma comunidade dinâmica, trabalhadora e harmônica.

Eu, Scliar (que infelizmente já nos deixou), Glorinha, Cíntia, Celso e tantos e tantos outros que hoje estamos aqui, necessitamos sempre agradecer a generosidade da “abertura dos portos” aqueles imigrantes que deram origem à comunidade judaica brasileira de hoje.

Muito obrigado!

Sabemos que pertencemos a uma minoria.

Sabemos e devemos valorizar sempre a pujança de nosso país.

Um país aberto a todas as minorias.

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