terça-feira, 21 de janeiro de 2014

SAUDADE!



SAUDADE!
David Iasnogrodski – escritor, engenheiro, administrador – david.ez@terra.com.br

Tchau!
Estou indo.
Até breve!
Até breve?
Mas este breve poderá ser um longo tempo...
.......................................................................
Palavras acredito eu, de algum imigrante se despedindo dos seus familiares.
................................................................
Meus pais foram filhos de imigrantes.
Filhos, pois vieram com eles para o nosso Brasil.
Os pais deles foram os imigrantes e trouxeram toda a família.
Situação nada fácil!
Mas lá, também a situação não estava nada fácil...
Mas tiveram, repentinamente, trocar seus hábitos.
...........................................................
Outra situação:
Um casal jovem toma a coragem de imigrar. Mudar a vida.
Não importa o motivo.
No meio de choros, lágrimas e soluços de tristeza dizem o “tchau”!
tchau!
São acompanhados até o aeroporto, rodoviária, ferroviária ou ainda um porto.
Aos poucos vão sentindo a solidão.
Aos poucos vão sentindo a saudade.
Aos poucos estão iniciando uma nova etapa das suas vidas.
tchau!
- E aqui vamos nós! A procura de amigos. A procura de abraços. A procura de um aconchego. A procura de trabalho. Temos muito a conquistar...
....................................................................
O tempo passa!
E como passa...
O casal aumenta a família.
Vêm os filhos. Estes crescem. Casam. Dão netos a estes avós e num repente, junto ao espelho da casa iniciam a pensar naquele início.
......................................................
Vem a frase: “Nascem os filhos para o mundo, mas não é fácil cortar o cordão umbilical”.
......................................................................................
Novamente junto ao espelho:
- Estamos sós. Novamente! Com muita saudade. Saudade daqueles que deixamos junto àquele porto. Saudade daqueles que já não estão junto de nós.
Saudade?
Orfandade?
- Não sabemos. Só temos amigos neste novo local que já não é tão novo assim, pois já estamos aqui há tanto tempo e tão bem fomos recebidos.
Por todos!
..........................................................
Estamos voltando àquele passado.
Deixamos os outros.
Formamos família.
Temos amigos. Mas aqui diante deste espelho nos vemos com “aquelas” mesmas lágrimas e soluços daquela despedida. O sol estava radiante, mas me parecia um dia muito chuvoso...
.....................................................
Tanto tempo.
E o mesmo tempo...
Tempo de recordar.
Tempo de coragem.
Tempo de saudade.
Tempo de sentir órfão.
Tempo de pensar.
Tempo de dizer: “Quanto tempo”!
..............................................................
Diante deste espelho devemos dizer: “Não podemos pestanejar. Necessitamos cada vez mais ter força pois o amanhã deverá ser, certamente, melhor do que hoje”.
.............................................................
Fomos imigrantes.
Deixamos para trás uma tranquilidade, talvez até, não tão tranquila.
Fomos em busca de outra realidade.
Estamos aqui.
Não esquecemos aquele “tchau” de despedida.
Hoje aqui com este espelho.
Estamos a pensar na saudade que temos do tempo passado e daqueles entes queridos que já não estejam mais conosco.
Nem aqui e nem lá...
...................................................
Os tempos são outros.
Conquistamos tudo ou quase tudo. Sempre há o desejo de conquistas...
Não esquecemos aquele “tchau”. Aquele “tchau” nos deu muita força.  Muita saudade...
Mas há, sempre, o pensamento da saudade e orfandade.
..........................................................................
Aquele “tchau” está e estará sempre presente entre nós.
Mas sempre seremos devedores ao acolhimento das pessoas e do país.
....................................................................
“Amanhã sempre deverá ser melhor do que hoje”.
Mas a saudade e o sentimento de orfandade também estarão presentes, em muitos momentos. Principalmente diante de um espelho.
............................................................
tchau!
Não é fácil ser um imigrante!


Nenhum comentário:

Postar um comentário