terça-feira, 3 de janeiro de 2012

IDISCH IZ AZÓI GIT


“IDISCH IZ AZÓI GIT”
Leitor de jornal na língua "idisch'
(idisch é muito bom)

David Iasnogrodski – escritor, engenheiro, administrador
david.ez@terra.com.br       blog;  davidiasnogrodski.blogspot.com

Ontem depois da caminhada final  de tarde fui no supermercado.
Na fila do caixa encontro um amigo da época de adolescência.
Hoje ele é médico. Psiquiatra. Bem sucedido. Alberto Stein é o seu nome.
Conversa vai. Conversa vem. Eu disse a ele algumas  expressões em “idisch” ( dialeto do alemão falado muito pelos judeus europeus). E ele me perguntou;
- Falas “idisch”?
E eu respondi: “Um pouco”. Disse a ele que quando  visitei a Alemanha e Áustria tive a oportunidade de me relacionar através do “idisch”. E disse a ele que onde estou sempre encontro alguém que se comunica em “idisch”.
E ele lamentou que não aprendeu o “idisch”. A língua dos nossos “zeides e bobes” (avós) e também de muitos de nossos pais.
Eu, o pouco que sei e que ainda sei... devo aos meus pais e avós. Eles, os avós, só se comunicavam em “idisch”. Tiveram muita dificuldade com o português. Eram imigrantes.
No colégio aprendi um pouco de “idisch” – nos primeiros anos do primário, além do latim, francês, inglês e hebraico. Eram outros tempos...
Tenho muita dificuldade em aprender línguas. Comunico-me bem com o espanhol. Aprendi falando... Recentemente tive aulas.
O “idisch” tem um “tchan” de especial.
Sua “musicalidade” é interessantíssima. As piadas contadas na língua “idisch” têm um ar muito engraçado.... As traduções são difíceis. Não ficam com o mesmo entusiasmo... Admiro muito quem sabe ler o “idisch”. Existiam muitos jornais na língua “idisch”.
Quando estava em Berlim e encontrei alguns judeus na Sinagoga e com eles mantive um bom diálogo em “idisch” ficaram muito emocionados. Na sabiam que ainda existisse pessoas no Brasil que falavam o idisch “. Eu disse que assim como eu ainda possuem pessoas que em função da sua educação familiar falavam este dialeto.
É um dialeto que está sumindo, principalmente em função da subida do hebraico.
Em Buenos Aires encontramos muitos integrantes da comunidade judaica que se comunicam em “idisch” assim como em Nova York.
Em São Paulo, como é a maior comunidade judaica do Brasil, encontramos muitos que falam o “idisch”.
Em Israel já é mais difícil. Encontramos integrantes dos imigrantes russos que falam o “idisch”. O restante só o hebraico que é a língua oficial do país.
“Idisch”.
“Idisch”.
Não se pode esquecer de Sholem Aleichem e tantos outros escritores e teatrólogos que nos deixaram um legado muito interessante a respeito do “idisch”. Eu continuo dizendo: “Idisch iz azoi git” (o “idisch” é muito bom).
Tomara que nunca termine, mas como está diminuindo o número de pessoas interessadas entendedores deste dialeto, creio que em breve tempo ele desaparecerá. Tomara que não!!!
Admiro quem entende, fala, escreve e se comunica em vários idiomas. Isso é cultura.
Todo esse texto foi em função da minha caminhada de final de tarde e depois a minha ida num supermercado e encontrar um amigo da adolescência na fila do caixa.
Supermercado: local de conversa. Não é um local somente de consumo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário