VIVER ( OU PENSAR) NO PASSADO...
Ruas arborizadas?
Não
tantas. Mas as que eram arborizadas eram bastante frondosas.
Mas
as pessoas se cumprimentavam nas ruas com um largo sorriso nos lábios.
Se
conheciam.
Se
ajudavam.
Sentavam
junto às calçadas.
Nos
finais de tarde...
Com
“cadeiras preguiçosas”... Lembram? Talvez muitos de vocês não conheceram as
“cadeiras preguiçosas”. Eram de madeira com assento de lona.... Confortáveis!
O
chimarrão, a coca-cola, a cuca de mel, bolachinha “Maria”. Tudo na calçada. Um
piquenique diário.
Uns
passavam.
Outros
paravam, mas todos se conheciam.
Vinha
a noite.
Muitas
vezes, dependendo da temperatura, com a lua cheia, continuavam a “charlar”
junto às calçadas.
Crianças
correndo.
Brincando, com brincadeiras inocentes, como inocente é a criança... De esconde-esconde. De pegador. Jogando bola. Jogando peteca. Brincando com bonecas, ou até conversando a respeito da escola. Todos ali...
Brincando, com brincadeiras inocentes, como inocente é a criança... De esconde-esconde. De pegador. Jogando bola. Jogando peteca. Brincando com bonecas, ou até conversando a respeito da escola. Todos ali...
E
depois jantavam. Toda a família. Uns continuavam a ouvir rádio. Eram as
rádio-novelas, patrocinadas pela Gessi-Lever ou Colgate-Palmolive. Muito
drama... Muita ação... Tudo no rádio.
Outros
iam dormir.
No
outro dia era a rotina do levantar. Higiene. Tomar café. Conversar um pouco.
Ler o jornal. Ouvir o Repórter Esso e ir ao trabalho...
De
ônibus. A pé ou de táxi. Muitos iam com seus “carrões”. Os felizes
proprietários de um automóvel... eram poucos. Mas existiam. Tinham até garagem
em suas residências.
Poucos
residiam em prédios de apartamentos.
......................................................................................
Hoje
é a vez dos congestionamentos. Grandes congestionamentos. Muitos carros,
carrinhos e “carrões”. Todos a rodar ou parar... Todos!
São
os congestionamentos urbanos das nossas “mal traçadas” vias urbanas do século
XXI.
Ruas
traçadas no século passado onde não existiam os congestionamentos...
Congestionamentos
juntos da (in)segurança urbana.
Vamos
pensar: Não ficamos mais junto às nossas calçadas. As calçadas até estão um
pouco esburacadas... Mas não é em função da nossa presença….
Ninguém
mais conhece “ninguém”.
Grades
nas janelas.
Grades
nas portas.
Grades
nos jardins.
Cercas
eletrônicas junto a todas as aberturas...
Vivemos
numa prisão... e “eles” estão soltos...
Crianças
não brincam mais nas calçadas. Vemos, isso sim, são crianças junto às esquinas
solicitando uma moedinha. Que pena!
Observamos
câmeras de vídeo junto a todas as portarias.
Observamos
várias câmeras de vídeo em muitas das nossas ruas , avenidas e parques.
Porteiros
24 horas.
Seguranças
de roupa preta andando pelas calçadas.
Casinholas
nas esquinas onde os “seguranças” estão a nos proteger.
Proteger
de quem?
“Deles”...
Portas
chaveadas com trancas de ferro
Portas
com quatro ou mais fechaduras “dobermann” ou superior.
Alarmes
em todos os lugares.
Os
carros além dos tradicionais alarmes parecidos com as sirenes das ambulâncias,
possuem películas para que as pessoas do seu interior não sejam vistas, além de
outros apetrechos para evitar os assaltos. E assim mesmo eles acontecem a todo
instante em todos os lugares.
É
a violência urbana em todos os lugares. Em todas as horas do dia e da noite.
Onde
vamos chegar?
Todos
com medo...
É
a realidade do nosso século. O século XXI. O século da tecnologia da informação
e do desenvolvimento. Século das relações humanas. Onde está esta relação
humana? Na violência urbana?
Será que é o desenvolvimento da insegurança
urbana?
Fico
a pensar: Se voltar no tempo é viver no passado, acredito que seria melhor
viver naquele tempo.
Não
tínhamos celular e nem TV HD. Não tínhamos computador nem outros equipamentos
sofisticados dos dias de hoje mas éramos “humanos” vivendo como humanos “.
E
hoje?
Vivemos
em quatro paredes, onde o máximo que olhamos são as grades.
Vivemos
numa prisão e com medo.
Muito
medo...
Isolados
do mundo.
Sem
conversar em função do constante medo.
Sem
as tradicionais visitas de familiares. Tudo em função do medo constante que
ronda entre nós.
E
as notícias nos nossos meios de comunicação refletem bem nossa realidade:
assaltos, crimes, estupros, homiciídos, acidentes violentos. Que realidade! Realidade
do século XXI
..................................................................................
-
Vou parar.
Está soando o alarme. Qual? Do carro? Da casa? Do prédio? Não sei.
Só sei que estou com medo. Não posso nem pegar a bolacha “Maria”, pois o
barulho tradicional de mastigar pode demonstrar que aqui tem gente. Vou
parar... Estou com medo. Muito medo... Me aguardem...
Nenhum comentário:
Postar um comentário