segunda-feira, 14 de maio de 2012

O MASCARADO



O MASCARADO



David Iasnogrodski – escritor, engenheiro, administrador – david.ez@terra.com.br


 

Numa madrugada dessas junto a um posto de saúde, chega um indivíduo cantando com voz anasalada: “Tanto riso, ó tanta alegria, mais de mil palhaços no salão...”



- E o senhor? O que deseja?

- Eu? Eu?

- Sim, meu senhor. O que deseja?

- Estou gripado. Acho que é esta tal de gripe A, B ou Y. Não sei bem a letra...

- Moço, o senhor vai me desculpar. O senhor está é bêbado. Cantando e com odor de álcool. E nós aqui com o posto repleto de pacientes querendo se tratar e o senhor só está nos atrapalhando. O senhor está é bêbado...! E bem bêbado... Ainda mais com esta máscara de carnaval cobrindo o seu rosto... Simplesmente ridículo!

- Sim, doutor. Estou cantando. Estou mascarado. Estou gripado...

- Então o que o senhor precisa é tomar algo para curar esta bebedeira...

- Já lhe disse: “Não sou bêbado. Não estou de” "porre”. Estou, isso sim, é gripado. E bem gripado...

- Como o senhor sabe? O senhor é médico?

- Ora, estou com voz anasalada. Estou com febre. E bem alta... Estou com dor na minha cabeça. Está difícil de engolir... Até a saliva! E este cheiro de álcool que o senhor está sentindo é em função de que eu vi na televisão que a gente necessita lavar bem as mãos e o rosto.

- Está certo! O que o senhor viu na TV está correto, mas isto não significa que o senhor não está bêbado. O senhor está cantando e mascarado... E nesta hora da noite!

- Claro! Vi na televisão... Tudo na televisão... Ela é a culpada! Vi que a gente necessitava lavar as mãos e o rosto com bastante assiduidade com álcool e colocar uma máscara no rosto para evitar contágios com os colegas e familiares.

- Certo! Tudo certo! Mas o senhor não está bêbado?

- Volto a afirmar. Não estou bêbado. Estou assim, desta maneira, em função das diversas lavagens que efetuei com o álcool da minha casa. O cheiro é do álcool... Ele é que me deixou assim – “todo alegrão”. Por esse motivo a cantoria...

- E a máscara?

- Ora! Doutor... O senhor não está de máscara também?

- Sim! Estou em função do meu trabalho... Todos os médicos devem utilizar máscaras  para evitar contágios com as doenças.

- E eu também! Estou de máscara, pois não pude comprar uma igual à do senhor. Procurei na minha casa e encontrei esta máscara de cavalo... Eu a usei no último carnaval. Nós tínhamos um grupo grande de pessoas que estavam usando, no baile, a mesma máscara... Foi um “barato”... Não deixa de ser uma máscara. Não é verdade? “Quem não tem cão, caça com o gato...”.

- O senhor tem razão... Agora estou entendendo o seu caso. O seu diagnóstico! Vendo por esse ângulo observo que o senhor não está bêbado.

- Estou gripado, doutor. Já lhe disse desde o início da nossa conversa. E aí o que o senhor vai fazer comigo?

- Vou lhe examinar. Se for realmente a gripe A...

- É esta gripe mesmo, doutor...

- Bem, o diagnóstico é comigo... Se for a gripe A vou lhe fornecer o remédio adequado e lhe darei um atestado onde o senhor deverá permanecer em casa por sete dias, enquanto esta gripe permanecer no seu corpo... Certo?

- Doutor, só sete dias?

- Sim, no máximo sete dias...

- Doutor, não poderia ser esta licença até o próximo carnaval? Afinal de contas já estou com a máscara e também já estou cantando... Faça esse favor para mim. Deixa-me ficar cantando, em casa, até o próximo carnaval:

“Tanto riso,

Ó tanta alegria,

Mais de mil palhaços no salão...”



.............................................................................



Gripe A – uma realidade quase mundial...

Mas o melhor carnaval ainda é o brasileiro...

Esse ”produto” não é mundial...





( Não esqueçam da vacinação contra a gripe )





.........................................................................







“Tanto riso,

Ó tanta alegria,

Mais de mil palhaços no salão...”

Nenhum comentário:

Postar um comentário