quarta-feira, 23 de maio de 2012

SINAL DOS TEMPOS



SINAL DOS TEMPOS...

David Iasnogrodski – escritor, engenheiro, administrador – david.ez@terra.com


- Boa noite, meu Senhor...


- Boa noite, meu Senhor.

- Boa noite.

- Espero não importuná-lo neste cruzamento tão perigoso da nossa cidade.

- Sim, o que você deseja? Não tenho moeda.

- Senhor, eu estou aqui por uma boa causa.

- Sim, diga rapidamente.

- Estou aqui porque desejava uma moeda sua, e já sei que o senhor não tem. Mas esta moeda seria para que eu possa realizar o meu desejo da hora.

- Si, moço. Eu não tenho moeda. Vai abrir o sinal. Por favor, não me perturbe mais estou com minha família e estou apressado.

- Senhor, estou lhe pedindo uma moeda, encarecidamente, para que eu possa juntar com as outras que já me foram ofertadas e possa com isso “beber com moderação” a minha “pinga” da hora. Já estou com meu horário esgotado...

- Moço, não tenho moeda. Principalmente se é para beber...

- Senhor, eu lhe peço por favor. Se não tem a moeda pode ser até em cheque... Vou ali ao bar da esquina e o “dono” me troca. O que eu não posso é parar de beber pois já estou atrasado como lhe disse anteriormente. Pode ser até em cheque! Isto não é problema...

- Moço, abriu o sinal...

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Diálogo de um sábado à noite junto a um cruzamento de rua na cidade de Porto Alegre.

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Creio até que deverá estar acontecendo algo semelhante em várias outras cidades do Brasil.

Dentro de pouco, ou poderá já estar acontecendo agora, onde os “pedintes” estarão de posse de maquinetas de cartão de crédito ou débito junto aos “nossos” cruzamentos.

É o dinheiro de papel ou de plástico que já está fazendo parte da rotina de nossos cruzamentos congestionados...

É a grande verdade...

É o poder de consumo junto aos cruzamentos...

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- Senhor, muito boa noite. Poderia, por favor, me dar uma moeda?

- Não tenho...

- Pode ser em cheque ou cartão. Débito ou crédito. Com ou sem “chip”. Não importa a “bandeira” do seu cartão...

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Sinal dos tempos.

É a tecnologia junto aos congestionados cruzamentos...

O tempo é tão grande de espera, que dá até para realizar alguns “negócios”...


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