terça-feira, 6 de agosto de 2013

ENCONTRO COM O "PODEROSO" E ÚNICO




ENCONTRO COM O “PODEROSO” E ÚNICO

David Iasnogrodski – escritor, engenheiro, administrador – david.ez@terra.com.br


encontro com o "poderoso" e único
 

Jonathan está sempre presente nas cerimônias de falecimento das pessoas da sua comunidade.

Surge sempre a pergunta:

Será que ele conhece todas as pessoas?

Será que ele conhece todas as pessoas que faleceram?

Se isso na acontece, porque ele está sempre presente nestas ocasiões?

D. Maria da Glória, uma das lideranças do bairro e uma das pessoas mais antigas da comunidade criou coragem e foi perguntar a Jonathan o porque desses fatos.

E ele falou:

- D. Maria, eu respeito muito a senhora. Quero lhe muito bem. Eu sei que muitos ficam surpresos com meus atos. Muitas destas pessoas já vieram falar comigo ou mandaram recados por outros. Todos querendo saber desse assunto. E eu lhe respondo: Tenho quase 70 anos. E bem vividos. Ainda estou trabalhando. Não estou aposentado, pois ainda me considero moço e não sei o que irei fazer depois de receber o ato da aposentadoria. Quando há um féretro junto à nossa comunidade, procuro estar presente na cerimônia. Peço licença no trabalho. Estas horas eu recupero depois, mas me sinto numa obrigação de homenagear a família enlutada e também um privilégio por poder estar ali naquele momento. Obrigação de respeitar o ente querido que eu conhecia muito ou pouco, mas vivia na nossa comunidade e que naquele momento está deixando nossa convivência e também um privilégio pois tenho a certeza que o nosso protetor está ali nos vendo. E com isso, também tenho a certeza de que ele não está  me colocando  nos próximos lugares da fila. Ainda tenho muito que aproveitar. Com esse meu gesto estou realizando uma homenagem ao ente querido, à sua família e tenho quase a certeza de que não serei um dos próximos da fila. Sei que chegará a minha hora. É a hora de todos, mas não agora. Estando ali faço sempre minhas orações e um pensamento positivo ao que nos deixou, sua família e à minha família.. É um gesto de carinho e de orações. “Ele” sabe que trabalho e não estou ali só para me fazer presente.

- Seu Jonathan! É um bom argumento. Farei o mesmo. Também me considero moça. Também quero ir para o final da fila ou para um local da fila não muito próximo. É um encontro com o “poderoso” e único.

Nenhum comentário:

Postar um comentário